terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre homens e animais

Uma coisa que me deixa bastante inquieta é a superioridade atribuída ao homem. A começar pela clara distinção que 99,9% das pessoas fazem entre homens e animais. De um lado os super racionais homens, do outro os animais irracionais. Como se não fossemos animais. Como se fossemos 100% racionais. Como se não tivessemos instintos.Como se fossemos predestinados a comandar o universo.
Uma vez eu resolvi ler um pedaço do Gênesis (não me pergunte porque), e lá me deparo com o tal Deus incunbindo o homem de cuidar de todos os animais, por ser superior. Não tenho fontes para saber se em outras religiões a idéia é a mesma, só sei ela me enoja.
No entanto, admito que ela acaba por tranquilizar as pessoas. Digo isso porque pensar no ser humano como predestinado a ser distinto leva a crer que há algo mais além da vida terrena. Que não estamos aqui (na Terra) por acaso. Aquelas coisas de missões, etc. Dá uma certa imortalidade para uma figura tão frágil quanto o animal homem.
Sei bem que não sou a primeira (nem uma das primeiras) a questionar a racionalidade do homem.Nietzsche já havia posto em xeque este assunto (não vou me aprofundar na análise porque eu teria de ser simplista, e quando simplificamos filosofia sempre vem alguém dizendo que estamos equivocados...e podemos estar de fato), e muitos outros se não escreveram, pensaram sobre isso. Porém, dificilmente encontro alguém com quem eu possa compartilhar o assunto, e como este blog pode funcionar como meu depósito anotado de idéias, resolvi postar.

2 comentários:

  1. Não é só a "racionalidade" que fica em cheque, é tudo. Como tu gosta do "cosmos", cabe esta citação do grande mestre do "horror cósmico niilista" (rótulo horrível, mas enfim):

    "Common human laws and interests and emotions have no validity or significance in the vast cosmos-at-large. To achieve the essence of real externality, whether of time or space or dimension, one must forget that such things as organic life, good and evil, love and hate, and all such local attributes of a negligible and temporary race called mankind, have any existence at all." H.P. Lovecraft

    Ah sim, até aonde vão meus frugais conhecimentos, Nietzsche não chega a questionar a "racionalidade" em si como ferramenta de aquisição de conhecimento, mesmo porque ele é muito racional. O que é questionada é a existência de qualquer "sentido maior" para a vida humana (e qualquer sentido para a "racionalidade" vai por tabela, sendo ela fruto de nossa espécie).

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